Tennyson, poema 51 de In memorian

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Normalmente, os posts do blogue sobre literatura tratam de manifestações literárias em prosa, contos, romances, novelas. Falo pouco sobre poesia, porque acho que não se tem de falar de poesia, tem de se ler e sentir a poesia. Certos poemas, verdadeiras obras-primas, não circulam muito, impossibilitando que muita gente tenha acesso a eles. Uso então esse espaço para divulgar um deles.

Há quem afirme que a poesia lírica apresenta apenas dois temas: o amor e a morte. Isso não é verdade, evidentemente, mas não há como negar que amor e morte são os temas mais recorrentes da poesia lírica  e manifestam-se na poesia de todas as épocas e culturas.

Escolhi para transcrever neste post um poema de Alfred  Tennyson,  poeta inglês nascido em 1809 e falecido em 1892. A produção poética de Tennyson não se restringe à poesia lírica. Tennyson escreveu também poemas narrativos com temática ligada à mitologia. Seu poema narrativo mais conhecido é Idylls of The King, baseado nas aventuras do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda.  Sua obra maior, no entanto, é o conjunto de poemas líricos agrupados sob o nome de In memoriam, do qual transcrevo o poema 51.
In memorian
Desejaremos de fato que os mortos
Permaneçam sempre a nosso lado?
Não teremos alguma baixeza a ocultar?
Nem alguma vileza íntima que nos apavore?
Deverá aquele por cujo louvor me empenhei,
E cuja censura tanto reverenciei,
Ver com clareza algum defeito secreto
Que diminua seu amor por mim?
Ofendo o túmulo com medos infundados:
Será culpa do amor que lhe falte fé?
Deve haver sabedoria na grande Morte;
Os mortos hão de me ver por inteiro.
Estejam perto de nós nas vitórias ou nas derrotas,
Observem, como Deus, o passar das horas
Com outros olhos mais abertos que os nossos,
Para ser indulgentes com todos nós.

A seguir, o texto original em inglês.

Do we indeed desire the dead
Should still be near us at our side?
Is there no baseness we would hide?
No inner vileness that we dread?

Shall he for whose applause I strove,
I had such reverence for his blame,
See with clear eye some hidden shame
And I be lessen’d in his love?

I wrong the grave with fears untrue:
Shall love be blamed for want of faith?
There must be wisdom with great Death:
The dead shall look me thro’ and thro’.

Be near us when we climb or fall:
Ye watch, like God, the rolling hours
With larger other eyes than ours,
To make allowance for us all.

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