Despertar, um conto de Maupassant

Tempo de leitura: 3 minutos

“Despertar” pode ser considerado um conto psicológico, aquele em que a sondagem do mundo interior da personagem se sobrepõe à ação propriamente dita. O que vem à tona no conto é a imagem das ilusões que alimentam a protagonista, um movimento de desconstrução de uma fantasia. A narrativa é breve e apresenta unidade de ação, tempo e espaço. Há um único episódio e um número reduzido de personagens, apenas quatro: Jeanne Vasseur, a protagonista; seu marido, o sr. Vasseur; Paul Péronel (Capitão Rompante); e D’Avencelle (Carneiro Fiel).

A narrativa começa quando Jeanne já está casada há três anos com o sr. Vasseur e até então nunca havia saído do Vale do Ciré, onde morava com o marido. Vasseur era bem mais velho que Jeanne e a amava muito.

No outono, o tempo ficava ruim e Jeanne costumava tossir um pouco. No ano em que ocorrerem os acontecimentos narrados no conto, o médico aconselhou a jovem a ir passar o inverno em Paris na companhia de sua mãe e ela foi. No começo, ela ainda tinha o pensamento na sua casa, no marido, mas logo se acostumou à vida na nova cidade, indo a jantares e festas. Isso fez com que passasse a ter um comportamento mais alegre, sempre disposta a se divertir. Começa também a ser cortejada, mas a ideia de entregar-se a outro lhe dava ate nojo.

Entre os homens que a cortejavam, dois se destacavam, Paul Péronel, rapaz muito ousado e bem sucedido em suas conquistas, e D’Avencelle, que era bastante tímido e apenas ousava declarar seu amor. Jeanne apelidara o primeiro de Capitão Rompante e o segundo de Carneiro Fiel, ao qual Jeanne se liga mais afetivamente. Sonha com ele, considerava-o doce e delicado. Num desses sonhos, se vê a sós com ele. Carneiro Fiel lhe dizia palavras encantadoras e lhe beijava as mãos e acariciava-lhe os cabelos. Por fim, ela se entrega a ele. Jeanne acorda confusa e não consegue mais dormir e se sentia ainda possuída por Carneiro Fiel.

Quando, posteriormente, Jeanne se encontra com Carneiro Fiel, ela enrubesce e, embora  temesse que aquele sonho se realizasse, conta tudo a ele, que a respeitou e trocaram apenas carícias. Temendo que não aguentaria mais que a relação ficasse apenas nos carinhos, escreve ao marido manifestando o desejo de retornar ao Vale do Ciré. O marido responde dizendo que considerava melhor que ela permanecesse em Paris até o fim do inverno.

Jeanne, atendendo o pedido do marido, permanece em Paris, mas evita ficar a sós com Carneiro Fiel. Num passeio que faz com ele, sente seu ser em revolução. Percebe que não iria mais conseguir reprimir seu desejo, mas Carneiro Fiel não ousa entrar na casa dela e vai embora.

Ao entrar em casa, Jeanne vê que lá estava sentado a esperando Paul Péronel, o Capitão Rompante, que toma a sua mão e começa dizer palavras sedutora. Jeanne começa a sentir uma verdadeira vertigem, mas a cada abraço ou palavra de Cavaleiro Rompante o que ela via e ouvia era Carneiro Fiel.

De repente, Jeanne dá um grito desesperado e ordena que Cavaleiro Rompante vá embora. Ele não entendia a reação e tentava abraçar Jeanne , mas ela insiste para que se vá imediatamente porque a enganara. Cavalo Rompante vai embora.

No dia seguinte, ela deixa Paris para voltar ao Vale do Ciré. O marido a acha mudada, triste. No verão seguinte, Carneiro Fiel vai visitá-la e compreende que o amara apenas num sonho do qual Cavaleiro Rompante a despertara.

Carneiro Fiel, que continuava a adorar Jeanne, volta para casa pensando: “As mulheres são de fato muito estranhas, complicadas e inexplicáveis”.

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