O mundo da escrita

Tempo de leitura: 2 minutos

No artigo, falo do livro O mundo da escrita: como a literatura transformou a civilização (The Written World: The Power of Stories to Shape People, History, Civilization), de Martin Puchner, publicado no Brasil pela Companhia das Letras, com tradução para o português de Pedro Maia Soares. O livro tem 456 páginas. 

O livro de Puchner, que é professor de Literatura comparada em Harvard, é bastante diferente de outros já publicados sobre o assunto. Puchner associa escrita e literatura a lugares. Seu livro é como o relato da expedição de um arqueólogo por lugares em que se possa descobrir algo sobre a escrita. São vários os sítios percorridos por Puchner. Do Oriente Médio, em busca das tabuletas, à ilha caribenha de Santa Lucia para encontrar o prêmio Nobel de Literatura Derek Walcott, passando pelo México atrás do Popul Vuh. Sobre Walcott, o interesse não recai tanto no épico Omero, mas sobre O mar de Dauphin. Puchner lamenta não ter podido ir a Mali atrás de mais informações sobre a Epopeia Sundiata, que sobreviveu como literatura oral até nossa época, porque o país estava em guerra. Embora não tenha ido ao Mali, há no livro um capítulo inteiro sobre a Epopeia Sundiata.


Os capítulos se relacionam e vão constituindo uma história da escrita, do livro e da literatura. A narrativa oral; o surgimento da escrita alfabética (há informações também sobre outros sistemas de escrita); o poder da escrita e sua fraqueza (para os fenícios, “o poder da escrita era também sua fraqueza”); o Gilgamesh; a escrita sagrada, Buda, Confúcio, Sócrates e Jesus; Murasaki e o Romance de Genji; a circulação das narrativas; As mil e uma noites; o livro e sua difusão, Guttemberg e Lutero; Dom Quixote, o plágio, a edição, a distribuição a comercialização; a queima de livros (“A história da literatura é uma história da queima de livros – um testemunho do poder das histórias escritas”); Benjamin Franklin e os jornais; Goethe e a universalização da literatura; os Manifestos; a censura ao livro, Akhmátova e Soljennítsin. Para fechar, no último capítulo, Puchner tece comentários sobre a escrita na era digital. Por razões estritamente pessoais, considero o capítulo “Dom Quixote e os piratas” o ponto alto do livro.


A leitura de O mundo da escrita é uma deliciosa viagem de 4000 anos no tempo e o leitor é levado pelo autor a lugares do Oriente, Europa e América em busca da escrita e dos escritos.

3 Comentários


  1. Professor Ernani Terra! Os meus temas preferidos de leitura são: livro e biblioteca e leitura. Obrigado pela dica desse livro, futuramente eu o comprarei.
    Professor, parabéns ao senhor por está militando na luta pela leitura literária.

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