Perdas e danos

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Sabem aqueles filmes que são adaptações de livros que ficam mais conhecidos do que o livro? Perdas e danos, da escritora irlandesa Josephine Hart (1942 – 2011), é um deles. Lançado em 1991, Perdas e danos, cujo título original é Damage, foi adaptado para o cinema em 1992. O filme, dirigido por Louis Malle, tem os mesmos títulos do livro, Damage e, em português, Perdas e danos.

Josephine Hart
Perdas e danos, Edições BestBolso, 206 p.

Ambos são excelentes e o filme é bastante fiel ao livro e pode ser assistido na Netflix. O romance, no Brasil publicado pela Record, no selo BestBolso, tem por protagonista Sthepen, que é também narrador. Sthepen formou-se em medicina, mas faz carreira como político, membro do parlamento inglês, pelo Partido Conservador. Casado com Ingrid, pai de dois filhos, Martin e Sally. Formam uma família de classe alta, que desfruta de uma vida tranquila e confortável. O equilíbrio da narrativa é quebrado pela assunção de Anna Barton, uma atraente mulher de 33 anos, também de classe alta. Anna é a nova namorada de Martin. Ingrid em princípio não vê com bons olhos o namoro do filho, principalmente porque Anna é mais velha que Martin. Rapidamente a relação entre os dois vai ficando séria e o casal já planeja casar.

A narrativa toma outro rumo porque Sthepen e Anna envolvem-se numa paixão avassaladora. Sthepen não consegue ficar mais longe de Anna e sua vida passa a girar em função dela. Está formado o triângulo amoroso. Anna é amante de Sthepen e namorada de Martin com quem se casará breve. Sthepen se vê no papel de duplo traidor; pois ao envolver-se com Anna, não está traindo só a esposa, mas também o próprio filho.

A relação entre Sthepen e Anna é marcada por uma forte atração sexual e um desejo de posse da parte dele, que manifesta um comportamento marcado pela obsessão e pelo ciúme.

A vida de Sthepen vira de cabeça para baixo, pois, além de ter de dar conta de sua carreira política, tem de cumprir os compromissos sociais familiares e manter escondido o caso amoroso com a namorada do filho com a qual se encontra cada vez com maior frequência. Estão presentes aí todos os ingredientes de uma tragédia passional.

Personagem forte, Sthepen segue uma máxima que aprendera com o pai: “Simplesmente decida o que você quer, e então aja”. Sthepen sabia muito bem o que queria e agiu no sentido de conseguir, mas teve de pagar um preço.

Quanto ao filme de Malle, a melhor palavra para rotulá-lo é primoroso. Ótimas interpretações com cenas de sexo bem calientes. O papel de Sthepen coube a Jeremy Irons e o de Anna a Juliette Binoche, então com 28 anos, lindíssima e perfeita no papel de Anna Barton.

Há um dado curioso sobre esse filme. Juliette Binoche esteve a ponto de abandonar as filmagens, porque Jeremy Irons, nas cenas de sexo, agia de forma pouco profissional. Será que ele encarnou de tal forma o papel de Sthepen que não conseguia conter os desejos e esqueceu que estava filmando?

Louis Malle
Perdas e danos, filme dirigido por Louis Malle

2 Comentários


  1. Não li o livro, mas vi o filme. Muito bom! A cena de Martin subindo a escada, quando eu assisti ao filme, trouxe um burburinho enorme ao cinema. Do tipo, ai ai ai ai ai, nossa! f…! e etc. E a Juliete Binoche realmente estava muiiito linda. Inesquecível.

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    1. Verdade, Irineu. O filme é ótimo, uma atração maluca dele por ela. Aquelas de fazer perder a cabeça. Tinha de dar tragédia. A Binoche está esplendorosa nesse filme a ponto de o Jeremy Irons também não conseguir controlar o desejo.

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