Substância

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No artigo, comento o conto “Substância”, de Guimarães Rosa. Para quem quiser lê-lo, está no livro Primeiras estórias.

A protagonista é Maria Exita. Ninguém lhe dava emprego por causa de seus antecedentes. Um irmão estava preso por assassinato; outro irmão, foragido; o pai, leproso.

Maria Exita era magra e feiosa. Com dó da menina, a velha Nhatiaga a trouxera para trabalhar na fazenda de Sionésio, dando-lhe o pior dos serviços, quebrar à mão o polvilho nas lajes. Sionésio, quando voltava da fazenda, perguntava sempre a Nhatiaga sobre Maria Exita, que continuava no trabalho duro sem reclamar.

Sionésio começa a reparar em Maria Exita e nota que ela está ficando bonita e começa a ter interesse por ela e não demora muito apaixona-se pela moça. Com isso, surge uma inquietação: e se outros também estivessem interessados nela? Mas tranquiliza-se ao saber que ninguém tinha interesse por ela, não que não fosse atraente, mas porque temiam seus antecedentes: e se ela também estivesse com lepra?

Sionésio alimenta a esperança de que Maria Exita viesse a gostar dele também, não chegando a dormir de paixão. Sionésio sofre cada vez mais por ter medo de declarar sua paixão. Até que um dia, finalmente, tomou coragem e declarou sua paixão a Maria Exita, que em resposta apenas riu. De repente, Sionésio se assustou: se ela for doida, ou leprosa?

Sionésio, no entanto, vê que Maria Exita vai se tornando branca como o polvilho e pede para que Maria Exita fique com ele, e ela aceita. E ficam juntos, unidos pelo amor.

“Substância” é um dos belos contos de Guimarães Rosa. O resumo que apresentei não dá conta da beleza do conto, porque paralelamente à história amorosa de Sionésio e Maria Exita, que vai se transformando de menina feiosa em mulher bonita, ocorre a narrativa da transformação da mandioca em polvilho. O que ocorre com Maria Exita é o mesmo processo que ocorre da passagem da mandioca para o polvilho, ou seja, a purificação, marcada pela brancura. Maria Exita também vai se purificando em relação a seu passado familiar e, como o polvilho, vai se tornando branca (pura) e pronta para amar e ser amada.

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