Tomada de hábito, Katherine Mansfield

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Hoje, trato de uma autora de quem ainda não comentei nenhum conto neste espaço, a escritora neozelandesa Katherine Mansfield (1888 - 1923). 
O conto se chama "Tomada de hábito" e está num livrinho publicado pela Editora Paz e Terra chamado Cinco contos. 
Mansfield, cujos contos são bastante influenciados por Tchékhov, era uma escritora bastante admirada por Virgínia Woolf. Relembro post meu de 2017 em que comento que a Folha de S. Paulo lançou uma coleção chamada Mulheres na literatura e um dos volumes, o 19, traz 15 contos escolhidos de Katherine Mansfield, inclusive o festejado conto "Êxtase" (Bliss). Para ler a notícia, clique aqui.




Katherine Mansfield
Quando no parágrafo anterior, usei o diminutivo livrinho, estava me referindo evidentemente ao formato do livro e não à sua qualidade. "Tomada de hábito" é uma história de amor, mas daqueles amores impossíveis, trágicos, de fazer inveja a Abelardo e à sua bela aluna e amada Heloísa. Aí alguém vai dizer que eu estou colocando um conto água-com-açúcar. Mas a história de Abelardo é água-com-açúcar? Nada disso.
A narrativa de "Tomada de hábito" até que segue aquela história da moça que de repente se descobre apaixonada por alguém, mas essa paixão não será correspondida, ao contrário do que ocorre com Abelardo e Heloísa. Um conto deve ser julgado como um todo e não apenas pelo tema de que trata. Mas vamos à fábula.
Edna é uma moça de 18 anos e está prestes a se casar com Jimmy. O casal se conhece desde crianças. Tudo está perfeito, mas de repente Edna se sente infeliz. Por quê? Porque foi ao teatro com Jimmy e, durante o espetáculo, se percebe apaixonada pelo ator. Daria a vida para ficar com ele. Para isso está disposta a abandonar Jimmy e a família., embora saiba que a paixão pelo ator não terá reciprocidade. O desespero começa a tomar conta de Edna.

Andando pelas ruas, para numa praça em frente a um convento e fica a ouvir o cântico das freiras que vem de lá de dentro, enquanto pensa na impossibilidade de sua paixão. Já que não poderia se casar com o ator, também não se casaria com Jimmy. A narrativa prossegue e agora Edna é a Irmã Ângela, que canta junto às outras freiras.
Irmã Ângela sente-se sonolenta, vai dormir e acorda com febre, começa a delirar e jamais se recupera. Em três dias está tudo terminado e ela é enterrada num canto do cemitério destinado às freiras.
Está entardecendo e um casal de velhos vem visitá-la e choram: "Nossa filha! Nossa única filha!". Chega outra pessoa, toda de preto. Levanta o chapéu e Edna vê os cabelos brancos de Jimmy. Tarde demais! Edna começa a chorar e diz "Meu querido".
Tudo foi um erro, um sonho terrível! Ela está livre, jovem e ninguém sabe seu segredo. Ela nunca havia imaginado um sentimento como este antes - ela sabia que isto era estar apaixonada, mas - realmente - a-pai-xo-na-da.

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