Pré-requisito ou Prerrequisito?

Tempo de leitura: 2 minutos

Nesta crônica, publicada anteriormente em minha página no Facebook, faço algumas considerações sobre as angústias pelas quais as pessoas passam quando têm de escrever alguma palavra em que o hífen deveria ser empregado ou não. Confesso que as dúvidas quanto ao emprego do hífen sempre existiram. Com o tempo as pessoas foram se acostumando a usar corretamente esse sinal, até que veio o Acordo Ortográfico e o caos se instalou. Ninguém mais sabe ao certo se devemos escrever infanto-juvenil ou infantojuvenil. Sempre escrevi pré-requisito (com hífen), de repente vejo que num texto meu mudaram o meu velho e bom pré-requisito para prerrequisito. Achei estranho e fui conferir. O fato deu origem à crônica.

Recebi da editora os originais de um livro que será publicado brevemente com algumas dúvidas para que eu resolvesse. Percorrendo o texto, observei que alteraram a grafia de uma palavra que escrevi. Tinha escrito pré-requisito (com hífen) e trocaram para prerrequisito (sem hífen). Confesso que nunca soube as regras de emprego do hífen. O Acordo Ortográfico veio aumentar ainda mais a minha ignorância crônica na matéria. Achei a grafia prerrequisito estapafúrdia, esquisita, esquipática. Além de tudo, horrorosa. Mas se tiraram o meu pré-requisito e botaram no lugar o prerrequisito deles é porque o Acordo deve ter mudado a grafia do pré-requisito que me acompanha desde que botei a bunda numa carteira escolar há muito tempo.

Prerrequisito

Não me conformando com a bizarrice provocada pela ausência do sinalzinho unindo o pré ao requisito, fui conferir. No Volp está lá PRERREQUISITO. No Houaiss, idem. Porém, sempre tem um porém, a forma com o hífen continua valendo e está lá registrada e sacramentada, tanto no Volp quanto no Houaiss. Aí eu me pergunto: se pré-requisito é correto e consagrado há tempos e já faz parte da nossa memória visual, por que trocar para a forma esdrúxula prerrequisito? Só há uma resposta possível: trata-se uma forma sádica de editores e revisores exercerem o seu sadismo sobre leitores e autores. Sadismo por sadismo, acho mais interessante ler os 120 dias de Sodoma, do Sade.

12 Comentários


    1. Releia este trecho do post. Ele é claríssimo ao afirmar que as duas formas constam do VOLP e do Houaiss.

      No Volp está lá PRERREQUISITO. No Houaiss, idem. Porém, sempre tem um porém, a forma com o hífen continua valendo e está lá registrada e sacramentada, tanto no Volp quanto no Houaiss. Aí eu me pergunto: se pré-requisito é correto e consagrado há tempos e já faz parte da nossa memória visual, por que trocar para a forma esdrúxula prerrequisito?

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      1. Na verdade, parece que são coisas diferentes. Veja esta matéria: https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/pre-requisitosprerrequisitos-outra-vez/15175

        Porém o Acordo Ortográfico indica o uso com hífen: “pré-requisito”, conforme abaixo:

        “Quando o primeiro elemento é acentuado (pós, pré, pró), usa-se hífen: pós-graduação, pré-datado, pré-escolar, pré-história, pré-natal, pró-africano, pré-sal.”

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        1. Levi, embora tenha tirado os prints de tela dos verbetes Prerrequisto e pré-requisito do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) da Academia Brasileira de Letras de Letras, que é a palavra oficial em termos de ortografia, e do verbete do Houaiss, não consigo anexá-los como imagem, por isso lhe mando-lhe o link para o Volp. Em tempo: o texto do Acordo é uma bagunça total.
          Segue o link Verbe do Volp

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  1. Confesso que lendo um texto da minha pós-graduação me deparei com a palavra PRERREQUISITO, e seu blogue me ajudou pois fiquei bem surpresa e achei gritante.
    “Aí eu me pergunto: se pré-requisito é correto e consagrado há tempos e já faz parte da nossa memória visual, por que trocar para a forma esdrúxula prerrequisito?”
    Faço minha suas palavras a cima!

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