Literatura

Conto popular

10 minutos O conto popular se caracteriza inicialmente pela sua expressão, que é oral. Mas a distinção entre o conto oral e escrito não se restringe à expressão. A escrita não deve ser entendida como uma mera reprodução da fala. Língua escrita e língua falada são sistemas semióticos distintos. A língua falada, tanto no que se refere à produção quanto à reprodução, se faz valer de signos que não fazem parte da língua escrita, tais como a entoação, a gesticulação, expressões faciais, o riso, Leia mais

Diegese e enredo

3 minutos Uma das formas de verificar se alguém compreendeu um texto é pedir que o reproduza com suas palavras. A capacidade de resumir textos é um indicador de que o leitor / ouvinte / espectador compreendeu o que leu / ouviu / assistiu. Quando lemos um texto narrativo como um conto ou um romance, se conseguimos atribuir sentido a ele, somos capazes de reproduzi-lo a alguém. O mesmo acontece na “leitura” de textos sincréticos, aqueles, que no plano da expressão, apresentam linguagens diferentes, Leia mais

Três anos

4 minutos Três anos é uma novela de Tchekhov que se lê numa sentada. A edição da Editora 34, com tradução direta do russo por Denise Sales, tem 135 páginas, seguidas de um ótimo ensaio de 17 páginas, escrito pela tradutora. Desde as primeiras linhas, a narrativa nos pega de um jeito que é impossível parar de ler. Ao final, como é comum em Tchekhov, somos nocauteados. Ler Tchekhov implica ficar muito atento aos pormenores e seguir o que propõe Carlo Ginzburg em Sinais: Leia mais

Lazarilho de Tormes

3 minutos Em Lazarilho Tormes, obra anônima do séc. XVI, o menino Lázaro sofre nas mãos de seus amos. Atenho-me a um episódio que ele presenciou quando servia o quinto amo. Depois de servir um cego, um clérigo, um escudeiro e um frade, Lazarilho vai servir um buleiro. [1]Um buleiro era um funcionário eclesiástico – podia ser um padre – que levava ao público decretos ou bulas do Papa pelos quais os fiéis que contribuíssem para um determinada causa da … Continue reading jQuery(‘#footnote_plugin_tooltip_3412_6_1’).tooltip({ tip: Leia mais

Ficção e literatura

8 minutos Costuma-se afirmar que a literatura se caracteriza por seu caráter ficcional. Guimarães Rosa, Mia Couto, Cora Coralina, por exemplo, usam a palavra estória (com e inicial e sem h) para marcar o caráter ficcional de sua produção literária, distinguindo-a de história (com agá), que seria reservada para a narração de acontecimentos reais. O vocábulo estória, aliás, já é registrado no Vocabulário ortográfico da língua portuguesa (Volp) e nos principais dicionários. Os dicionários definem ficção como “ato ou efeito de fingir”, “criação imaginária” Leia mais