Leitura e leitor

5 minutos A leitura é tão antiga quanto a própria cultura ocidental, no entanto nem sempre foi vista como algo positivo e que deve, portanto, ser incentivado. No Fedro, Platão (428 – 327 a.C)  relata que Sócrates rejeitava a palavra escrita porque ela poderia significar a perda da memória. Para esse filósofo grego, a escritura, por ser exterior à memória, era nociva, pois não revelava a verdade, mas apenas a aparência. Nesse diálogo platônico, Sócrates narra que a escrita teria sido inventada pelo deus Leia mais

Passo do Norte, Juan Rulfo

2 minutos Volto ao escritor mexicano Juan Rulfo. Desta vez para falar do conto “Passo do Norte”, que está no mesmo livro do conto “É que somos muito pobres”, que já comentei e para o qual remeto o leitor, clicando aqui. O livro é Chão de chamas, publicado pela BestBolso, com tradução de Eric Nepomuceno. O conto começa com um diálogo em que o filho diz ao pai que vai abandonar o local em que vive porque não consegue mais dar de comer à Leia mais

Louva-a-deusa?

6 minutos Com alguma frequência, recebo mensagens perguntando sobre o feminino de algumas palavras, especialmente de substantivos que dão nome a animais. São perguntas do tipo: “Professor, qual é o feminino de louva-a-deus?”. As perguntas se repetem, mudam apenas os animais: cupim, formiga, jacaré, tamanduá-bandeira, peixe-boi… Vamos lá à resposta. A língua portuguesa possui dois gêneros, o masculino e o feminino. Muito substantivos marcam a mudança de gênero pela desinência, por exemplo, porco / porca. Em outros, o radical da forma masculina e o Leia mais

É que somos muito pobres

4 minutos O escritor mexicano Juan Rulfo (1917 – 1986) é mais festejado pelo seu romance Pedro Páramo, uma obra-prima sem dúvida. Mas Rulfo é também excepcional contista. Um de seus contos de que mais gosto chama-se “É que somos muito pobres” e está no livro Chão em chamas, publicado no Brasil pela Edições BestBolso, num livrinho em formato pequeno com 174 páginas, com excelente tradução de Eric Nepomuceno. A frase que abre o conto, “Aqui tudo vai de mal a pior”, antecipa ao Leia mais

Senilidade

4 minutos No ano passado, falando de adaptações de obras literárias para o cinema, comentei a que Mauro Bolognini fez do romance Senilità, de Italo Svevo. Gostaria de voltar ao assunto, não só porque Svevo é um dos autores de que mais gosto por aquilo que escreveu, mas também porque ele me remete a meus ancestrais, já que Svevo é da cidade hoje italiana de Triste, onde nasceu em 1891. Nessa região, nasceu também Amábile, minha avó materna, que teve importante papel em minha Leia mais